Quinta-feira, 22 de Maio, 18h49.
Quanto vale a sua paz?
18h49. Quem acompanha minhas cartas sabe que eu nunca escrevo nesse horário (meu cérebro já começa a parar de funcionar na virada do dia pra noite). Mas hoje é um dia atípico…
Recebi um grande amigo lá da minha cidade e decidi tirar a tarde mais livre pra poder almoçar em paz e dar uma passeada com ele.
Saímos pra comer numa churrascaria famosa aqui de São Paulo. Cheguei por volta das 14h e, por incrível que pareça, em plena quinta-feira, o restaurante estava lotado.
Logo que entrei, tive que esperar no bar até surgir uma mesa. Sentei num canto, cadeira alta, luz baixa, e fiquei ali observando brevemente o ambiente.
Na mesa do lado, uma turma de empresários — aquele papo Faria Lima: vesting, cliff, valuation e etc. Do outro lado, uma mesa com alguns chineses… desses eu não entendi foi nada kkkkkk
Esperei cerca de 10 min (até que não demorou tanto), e veio a hostess me levar até a mesa.
Sentei, logo me perguntaram o que eu ia beber. Pedi uma água sem gás (tô evitando refrigerante) e esperei meu amigo chegar.
Durante 15 minutos de observação, eu relembrei como era viver uma rotina de escritório em São Paulo. Estava desacostumado com isso…
Já faz alguns meses que entreguei minha sala comercial e voltei a trabalhar 100% home office.
Confesso que minha vida mudou muito desde então. Mas eu sei bem que isso não funciona pra todo mundo…
Trabalhar home office — ainda mais sendo dono da sua empresa e do seu tempo — requer uma responsabilidade acima da média. É difícil regrar o dia pra não se distrair demais com as coisas de casa… ou também não extrapolar o tempo trabalhando.
Já tive momentos em que eu não sabia a hora de parar. Começava meu dia sempre cedo e, quando via, já era 20h, 21h… quiçá 22h quando tinha live de mentoria — e eu ainda não tinha encerrado as atividades.
Mas também já tive momentos em que minha rotina era tranquila (até demais).
Balancear é o segredo — e eu tenho me esforçado cada vez mais pra aprender a lidar com isso. Existe uma linha tênue entre trabalhar de menos ou trabalhar demais… e é nesse lugar que eu pretendo chegar.
Desde que larguei a vida de escritório, loucura, barulho, pedido novo, acabou a caixa, clientes, chegou coleção nova, fornecedores, cadê o boleto, paga isso, responde aquilo, interfone toca, descer com as caixas… e foquei 100% na minha (eu)presa, eu tenho experimentado um novo modo de viver.
Aquela vida de empresário era como comprar um carro que você ainda não tem condição de pagar. Ao mesmo tempo que massageava meu ego, no fim do dia, me causava mais preocupação do que paz no coração.
Era lindo olhar pra aquela sala só minha, com colaboradores, pedidos rolando no site 24/7 e um alto faturamento. Mas só Deus sabia como tudo aquilo, no fim das contas, não estava me fazendo bem.
De início foi difícil tomar essa decisão. Era como dar um “downgrade” social. Descer um degrau que eu já tinha penado pra subir. Por mais besta que pareça, no começo isso me deixava com medo de seguir esse novo caminho.
Inclusive, acho que foi por isso que, por tanto tempo, eu mantive os dois projetos rodando simultaneamente… até que chegou o dia em que não dava mais.
Em janeiro desse ano, logo após a virada e as promessas de vida nova, eu decidi que já havia chegado o momento de dizer “chega” pra tudo isso — e construir a vida que eu realmente queria viver. E posso te falar? Foi a melhor decisão que tomei.
Fazer um café da manhã com calma, não tem preço.
Descer pra academia às 15h, no meio do dia, não tem preço.
Poder almoçar fora sem hora pra voltar, em plena quinta-feira à tarde… não tem preço.
Viver uma vida com intenção… não tem preço.
Foi nesse downgrade que eu entendi que existia uma vida que eu não estava vivendo, só porque precisava provar — pros outros e pra mim mesmo — que eu estava “dando certo”.
Hoje, graças a Deus, eu consigo atender menos clientes e receber mais. Tenho tempo pra estudar e melhorar cada vez mais a minha entrega. Tenho tempo pra cuidar de mim, pra ter relacionamento com Deus, pra viver uma vida com paz no coração.
O escritório. O status. O quadro de colaboradores. O dinheiro. O reconhecimento.
Nada disso vale mais do que a minha paz.
Por mais que o mundo tente vender a ideia de que sucesso é isso…
O sucesso de verdade — pra mim — vem do silêncio.
De construir um negócio que me dê liberdade de tempo e geográfica.
De viver com propósito.
De buscar melhorar como pessoa.
De — realmente — construir algo que faça a diferença na vida de alguém.
Eu já vivi os dois lados da moeda.
No passado, 100% correria.
Hoje, uma vida mais intencional.
E posso te dizer com toda certeza: viver assim, pra mim… não tem preço.
Nessa caminhada empreendendo e quebrando a cara sozinho, eu aprendi 7 lições que mudaram a minha vida. Se você sonha em empreender de alguma forma, tatue isso na sua mão:
4h de super foco > 12h de falsa produtividade.
Faturamento é ego — margem de lucro é rei.
Não queira abraçar o mundo. Foque em 1 problema e seja o melhor em resolvê-lo.
Simplifique, todos os dias, o seu negócio.
Estude o tamanho do seu mercado.
Você não é aquilo que você faz.
Tenha paciência. Sua pressa de hoje pode destruir o seu negócio amanhã.
Leia e releia isso até entender. Eu demorei 6 anos pra chegar nessas conclusões.
Se tivesse aprendido isso antes, certamente teria evitado muitas dores de cabeça.
Fazia tempo que eu não falava sobre isso aqui com vocês. Se quiserem que eu traga mais cartas nesse estilo, comenta aqui embaixo.
Agora vou fazer meu jantar e, finalmente, descansar.
Nos vemos, como sempre,
na próxima segunda, às 5am.
Um grande abraço,
Túlio Herani
Essa bateu forte aqui! Ler sua carta foi como lê a carta de um amigo distante me dando conselhos, nesse tempo para esta estação. Gratidão 🙏🏼🙌🏼
Continue assim amado sobrinho, sem esquecer de cuidar de vc. Bjos