Faz aproximadamente 1h30 que eu estou ocupando meu tempo com coisas inúteis… só pra procrastinar mais um pouco a escrita dessa carta.
É engraçado falar sobre isso, porque é exatamente esse o tema que quero trazer pra vocês: o quanto fugimos — sem perceber — daquilo que realmente precisávamos estar fazendo.
Como falei em uma carta anterior, nosso cérebro é um grande poupador de energia.
A missão dele é basicamente economizar energia pra nos manter vivos.
Ele funciona como um gestor financeiro: o famoso CFO do nosso corpo.
Pra toda atividade que queremos realizar, antes de começarmos, a secretária interna apresenta pra ele uma proposta.
Ele coloca no fluxo de energia, faz as contas pra ver se vai sobrar ou faltar.
E se sentir que vai sobrecarregar o caixa, ele nega.
Sem pensar duas vezes.
É aí que a gente precisa se impor e vender a ideia de um jeito que ele aceite e perceba valor.
A maioria das pessoas, nos primeiros sinais de resistência, já desiste.
A gente sabe que precisa ir pra academia.
Que isso é importante pra nossa saúde física e mental.
Mas é claro que, quando a secretária chega no CFO, ele vê a energia que gastaríamos… e nega de primeira.
E aí vem aquela voz:
“Ah, fica em casa hoje. Amanhã você vai.”
A preguiça entra pela porta da frente… e a gente aceita.
Afinal, é mais fácil ceder do que lutar contra, né?
Mas é nesse momento, exatamente quando ele fala “não”, que a gente precisa fazer uma dessas duas coisas:
Convencer ele de que vale a pena (e, na maioria das vezes, podemos acabar sendo vencidos no argumento);
ou — o que eu mais recomendo:Levantar e ir.
E depois provar pra ele, mais uma vez, que a escolha certa foi a nossa. Que deu lucro positivo.
Esse CFO que vive dentro de nós é argiloso (vou usar mais vezes essa palavra kkkkk).
O pilantra sabe exatamente onde nos pegar.
Parece até que ele nos conhece melhor do que a gente mesmo.
E isso não vale só pra academia e esporte.
Serve pra qualquer atividade que exige esforço fora da nossa zona de conforto.
Como escrever esse texto, por exemplo.
Quando acordei hoje, decidi que escreveria essa carta de manhã — período em que meus pensamentos fluem melhor e meu foco está no auge.
Mas, conforme a hora foi se aproximando, o CFO começou a agir.
Foi jogando “prioridades” na minha frente.
“Eu só preciso avisar isso pra fulano antes, pra não esquecer depois.”
“Vou adiantar essa coisinha aqui, vai ser tão rápido que nem vai impactar.”
E assim foi... tarefa atrás de tarefa.
Se você parar pra pensar, até foram “úteis” — mas não eram prioridade.
E o pior: eu sabia disso.
A gente sabe quando está mentindo pra si mesmo.
Sabe quando está inventando desculpa pra adiar.
E é impressionante como tudo coopera pra essa autoenganação.
Aquela preguiça bate.
Vontade de chutar o balde vem.
Mas depois de 1h30 discutindo na sala do chefe... EU VENCI!
Só não foi no argumento. 😅
Eu abaixei a cabeça, perguntei se queria que eu deixasse a porta aberta ou fechada, saí da sala e, quando virei o corredor...
abri o computador, entrei no Notion, criei uma página nova e comecei a escrever.
Eu enganei aquele cretino!
E agora estou aqui, escrevendo essa carta pra vocês.
As ideias estão fluindo...
E depois que eu terminar, faço questão de bater na porta da sala dele e esfregar na cara:
“Fiz a escolha certa.”
Na vida, infelizmente, muitas vezes é assim que a gente vence o nosso cérebro.
Muitas vezes, tudo o que precisamos é:
levantar, colocar a roupa, amarrar o tênis e sair de casa.
Sem pensar demais.
Sem questionar.
Só ir.
Muitas vezes, adiamos aquela mudança que sonhamos fazer.
Aquele projeto que queremos tanto começar.
Tudo por medo do esforço que será começar algo novo.
Mas de novo: tudo o que precisamos é levantar a bunda da cadeira e começar a fazer acontecer.
Muitas vezes, adiamos aquela conversa difícil — mas necessária — porque já imaginamos como a outra pessoa vai reagir.
E nos convencemos de que talvez o tempo resolva.
Mas, de novo, tudo o que precisamos é:
sentar no sofá e começar a falar.
A vida não nasceu pra ser fácil.
A gente não nasceu pra viver buscando prazeres momentâneos.
A gente nasceu pra construir uma vida que vale a pena ser vivida.
Pra construir virtudes e herdeiros que carreguem o nosso legado.
Pra viver tudo aquilo que fomos chamados pra viver.
E, infelizmente, viver uma vida assim significa, muitas vezes, abrir mão do conforto.
É abrir mão do que você quer agora,
pra alcançar o que você quer de verdade.
É tomar decisões difíceis.
É encerrar ciclos.
É dar tchau pra amizades que te afastam do teu destino.
É terminar relacionamentos com pessoas que não compartilham os mesmos valores.
É ter coragem de sair da zona de conforto.
Não existe crescimento no conforto.
O crescimento vem no desconforto.
O músculo só cresce quando a gente estressa ele na academia.
Nossa maturidade só chega quando enfrentamos o deserto.
Nosso relacionamento só melhora depois de conversas difíceis.
Às vezes esquecemos que nosso cérebro é o CFO…
mas que nós somos o CEO.
Quem tem o controle da operação, no fim das contas, somos nós.
Desobedeça mais o seu cérebro.
Nem sempre ele quer o seu bem.
Na maioria das vezes, ele só quer que você continue onde está.
Espero que essa carta tenha feito sentido — mesmo com tanta analogia kkkkkk
Antes de finalizar, quero deixar o convite:
se inscreve aqui no botão abaixo.
Vai ser um prazer ter você nesse movimento de construir uma vida melhor.
Nos vemos na próxima segunda, às 5 a.m.
Um grande abraço (e um chute na sua bunda),
Túlio Herani.
Bem vindo ao mundo do crescimento pessoal.....doloroso. bjosss
Cara, eu nunca ouvi essa analogia e foi tipo 🤯 haha..
Mas, como CEO, a gente bem que poderia demitir esse CFO, né? Motivo para justa causa é o que não falta kkkk