Melhor que correr… é não parar.

O poder do longo prazo.

Sexta-feira, 16 de maio de 2025, 11h58

Hoje eu acordei animado. Dormi mais do que tinha planejado — e juro que a culpa não foi minha. Foi tudo culpa desse frio que tem feito em São Paulo, que ao mesmo tempo que congela, aconchega.

Meu alarme tocou e estava 14 graus. Eu abri o olho, desliguei o alarme e minha cama pediu mais 15 minutinhos. Audaciosa! Eu caí na dela.

Liberei mais uma horinha e acordei cantando pros passarinhos.

Não me julguem! Já escrevi tantas cartas falando sobre não perdermos pra ela... mas, de coração, hoje eu deixei ela ganhar. Às vezes, a gente pode abrir essa exceção.

Tô aprendendo que a vida não precisa ser levada tão a sério 100% do tempo.

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Sou uma pessoa muito intensa.

Quando começo algo novo, sou capaz de virar minha vida de cabeça pra baixo e colocar 100% da minha atenção, foco e energia naquilo — sem nem perceber. Isso profissionalmente falando, mas em outras áreas também.

É difícil pra mim começar alguma coisa e não me entregar por inteiro.
(Ah… como minha psicóloga pega no meu pé por isso.)

Quando comecei a correr, quis virar maratonista em 6 meses.
No mesmo dia da primeira corrida, comprei um tênis novo, calça de corrida e me inscrevi pra uma prova de 10km dali a 3 semanas.

(Estamos falando de um cara que nunca tinha corrido mais de 1km sem parar…)

A mesma coisa com academia: suplementação, estudo sobre execução de movimento, e já achando que em 6 meses estaria com 6% de BF e 40cm de braço.
Ou com ciclismo.
Com a marca nova.
Com a loja.
Com a mentoria.
Com meus relacionamentos passados.
Com praticamente tudo.

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Aí você pode me perguntar:
“Túlio, mas por que isso seria ruim?”

Eu não posso dizer que isso é uma característica negativa minha.
Foi essa obsessão que me ajudou a alcançar as coisas mais relevantes da minha vida.

Mas… o problema disso tudo é que, de muitas coisas que me interessei nesses últimos anos, a grande maioria eu deixei pra trás em pouquíssimo tempo.

O problema de querer tudo de uma vez, é que a gente se torna tipo um cachorro com sede que, ao ver o pote de água, sai correndo sem controle e tenta beber a maior quantidade de água no menor tempo possível — resultando num belo de um vômito.

Ou, trazendo isso pra vida real:
a gente vai com tanta sede num projeto novo,
que não controla o tempo nem mede a energia que tá colocando ali.
Quer evoluir em tempo recorde…
E logo depois, se frustra, se esgota — e desiste.

(Vomita.)

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Quando eu comecei a correr, eu falei:
“Em 6 meses viro um ultramaratonista.”

Mesma coisa com minha loja:
“Em 6 meses, sou a maior do Brasil. E vou ficar milionário.”

E isso não foi 1, nem 2, nem 3 vezes.

Você não faz ideia da quantidade de coisas que eu comecei e terminei nesses últimos anos.

De hobbies a empresas.

O meu problema sempre foi o mesmo:
superestimar o que eu podia fazer no curto prazo…
e subestimar o que eu poderia fazer no médio-longo prazo.

Eu começava com uma empolgação invejável…
mas nas primeiras quebras de expectativa,
ia desanimando… até chegar à conclusão falsa de que:
“isso aqui não é pra mim.”

Quantas vezes já ouvi minha psicóloga repetir:
“Túlio, você tá se cobrando demais…
indo rápido demais…
colocando expectativa demais…
e você lembra o que aconteceu nas últimas vezes que fez isso.”

Começar algo novo nunca foi o problema.
Medo nunca me parou.

Mas terminar algo que comecei…
aí tá minha maior luta.

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O maior erro de pessoas que tem essa mesma intensidade e personalidade que a minha é querer tudo pra ontem.

Vivemos como se a vida fosse uma corrida de 100m rasos.

Mas a realidade é que a vida é uma maratona.

Vou te explicar…

Para vocês que estão lendo e não correm. O pior erro de um maratonista é querer começar a corrida tentando atingir seu melhor pace (velocidade).

Uma maratona exige que você saiba, acima de todas as coisas, controlar a sua energia.

Tem hora certa pra acelerar.
E tem hora certa pra só manter o ritmo.

Senão… você quebra antes da linha de chegada.

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A vida é assim.

Tem momentos de mais disciplina, mais foco, mais renúncia.
Mas tem momentos em que a missão é só manter o ritmo.
Sem parar. Sem regredir.

Se a gente parasse de querer tudo pra ontem,
e aprendesse a caminhar com constância,
fazendo o que precisa ser feito —
sem ir além do que aguentamos —
chegaríamos muito mais longe do que imaginamos.

Infelizmente, pela urgência de resultado, a gente queima etapas,
gasta toda nossa energia,
anda em círculos…

e no fim, pra não doer tanto,
diz que “não nasceu pra aquilo”…
e parte pra outro projeto novo.

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Um empresário que admiro muito tem uma frase que tá cada vez mais real pra mim:
“Me deem 10 anos.”

Ah, se nessa geração a gente pensasse assim.

Quanta coisa a gente alcançaria se colocasse energia em algo,
sem esperar que o jogo virasse da noite pro dia.
Apenas mantendo a constância,
e fazendo — todos os dias — o que precisa ser feito.

Muita coisa pode acontecer em 10 anos.
Muito mais do que nos seus 2 anos de expectativa frustrada
que daqui a pouco serão jogados no lixo…
pra começar algo novo.

Se eu puder te aconselhar em algo…

Aprenda a se divertir no processo.
Não na linha de chegada.

Alinhe suas expectativas.
Mantenha o ritmo.

Quando pensar em desistir,
lembre-se do porquê começou.

E, pra finalizar:
confie no longo prazo.

A vida pode ser muito mais leve
do que essa corrida de 100m rasos que nunca acaba.

Como sempre,
nos vemos na próxima segunda, às 5am.

Um grande abraço,
Túlio Herani.