QUERO MORAR NA ROÇA
Quinta-feira, 08 de maio de 2025, 15h42.
Uma casa rústica — daquelas bem confortáveis.
Sofá de couro, mas sempre com uma manta a um braço de distância.
Uma fogueira com cadeiras em círculo no jardim.
Um campo verde e infinito em volta dela.
Alguns cavalos, três cachorros, minha esposa sentada ao meu lado e minhas crianças correndo ao ar livre.
Ah… que vidinha, hein.
Engraçado perceber que, conforme vamos crescendo e amadurecendo, parece que nossas prioridades, desejos e sonhos vão mudando, pouco a pouco.
Há 6 anos, pouco tempo depois que cheguei em São Paulo, tudo que eu mais almejava era:
uma cobertura com pé-direito triplo,
um Porsche 911 na garagem,
uma empresa com 150 funcionários,
e um cartão black ilimitado pra comer em qualquer lugar sem olhar o lado direito do cardápio.
O tempo passou. Muita coisa aconteceu.
E, a cada dia, minha vontade de fazer as malas, comprar um rancho e ir morar literalmente no mato… só aumenta.
Mesmo com meu medo de insetos completamente inofensivos kkkkk.
Mas isso é problema pro Túlio do futuro.
Não sei dizer se isso é efeito do amadurecimento ou cansaço da tecnologia.
Com o mundo tão caótico, barulhento, acelerado...
a saudade da paz, da natureza e, principalmente, do silêncio, tem batido forte.
Lembro do tempo em que, pra falar com alguém que não estivesse por perto, era preciso ligar pra pessoa.
Não existia smartphone, muito menos WhatsApp.
A gente ligava.
O telefone tocava, tocava, ninguém atendia — e estava tudo bem.
Deixávamos um voice mail… ou só esperávamos o retorno.
Hoje?
Mandamos uma mensagem no WhatsApp.
Se for levemente urgente e a pessoa não responde em 5 a 10 minutos, já ligamos pra avisar que deixamos uma mensagem pra ela.
Não conseguimos mais esperar.
Tudo parece cada vez mais urgente.
E precisamos encaixar mil e uma atividades na rotina porque só assim sentimos que somos úteis e produtivos.
Nosso valor passou a ser:
quanto conseguimos entregar,
quão produtivos somos,
nossa casa, nosso carro, nosso status, nossa empresa, nossa vida superficial.
Antigamente, lazer era sair com os amigos.
Uma noite de jogos.
Um jantar.
Um boliche.
Talvez, no máximo, um cinema.
Hoje?
Lazer passou a ser TikTok.
Horas e horas rolando o feed do Instagram.
E por falar em redes sociais… o que tudo isso virou?
Um reality show disfarçado, que vive de exibir o palco da nossa vida.
Postamos pra gerar inveja nos outros.
Já reparou?
Quantas vezes precisamos tirar uma foto até ela ficar perfeita o suficiente pra postar no Instagram e gerar um sentimento em quem nos acompanha?
Postamos quando estamos na praia.
Nas viagens.
Nas conquistas.
Naquela foto no volante de um carro que nem é nosso.
Queremos mostrar o lado bom da nossa vida.
E até aí, tudo bem.
Ninguém vai postar a face que esconde das pessoas, né?
Mas o problema está na comparação.
Antes do boom da internet, comparávamos nossa vida com nosso vizinho.
Com, no máximo, alguém bem-sucedido do trabalho.
Hoje?
Comparamos nossa vida comum com a filha de um bilionário indo 6x pra Miami no ano.
Com o moleque de 16 anos que diz ter faturado 20 milhões e aposentado os pais.
Com o abdômen daquela blogueira que passa 3 dias em jejum e fazendo abdominal pra tirar uma única foto no Instagram.
As comparações se multiplicaram.
E com elas vieram os bombardeios:
De anúncios.
De conteúdos rasos.
De fofocas da vida de pessoas que não mudam absolutamente nada na sua.
E, no meio disso tudo, perdemos o foco.
Esquecemos de prestar atenção na nossa própria vida.
Naquilo que estamos fazendo.
Onde estamos investindo nosso tempo.
Tentamos alcançar o sucesso a todo custo, pra um dia postar no Instagram uma foto com a música do momento e provar pra família que demos certo.
Mas… demos mesmo?
Quanto tempo do seu dia você para pra refletir?
Qual foi a última vez que ficou 24h sem celular, imerso na vida?
Qual foi a última vez que saboreou sua comida — e só isso?
Que saiu pra caminhar e sentiu o sol queimando sua pele?
Com tanta distração, a gente esquece de viver a própria vida.
A real é que esse texto viajou demais.
Fugi completamente do tema inicial de morar no mato.
Você clicou esperando uma coisa…
Está lendo outra completamente diferente.
E talvez nem tenha percebido essa mudança de assunto — de tão distraído que seu cérebro está.
Mas é sobre isso.
Essa vida a 254 km/h parece que está te levando pras conquistas que você deseja…
Mas, na verdade, ela só está te distraindo do processo.
E, quando você chegar lá — se chegar lá — vai ter valido a pena jogar tantos anos no lixo só pra mostrar pros outros que “deu certo”?
Vai ter valido a pena seu burnout? Sua ansiedade? Sua depressão?
A gente não nasceu pra viver acelerado.
Deus não te colocou aqui pra gastar seu tempo com futilidades.
A gente precisa — urgentemente — retomar o controle da nossa vida.
E aprender a viver com i n t e n c i o n a l i d a d e.
Viver mais a vida.
Menos o trabalho.
Sair pra caminhar.
Ler um livro em uma cafeteria.
Viajar mais.
Postar menos.
Conhecer mais pessoas.
Conhecer menos influenciadores.
Escapar da rotina sempre que possível.
Fazer algo novo.
Aprender um esporte.
Sair de casa.
Viver o aqui. O agora. O momento.
Porque um dia… tudo isso pode ser tarde demais.
Eu não vou mudar pra roça agora.
Mas quem sabe um dia eu realizo esse sonho.
Espero que essa carta tenha feito você refletir sobre suas prioridades.
Aproveite enquanto ainda há tempo pra reverter isso.
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Nos vemos, como sempre, na próxima segunda, às 5 a.m.
Um grande abraço,
Túlio Herani.
Irmão, será que isso é coisa da casa dos 20 e poucos? Kkkk
Lembro que eu sempre quis me mudar para a capital (São Paulo), prédios, carros, muitas pessoas, uma empresa grande e tudo mais. Daí, depois de algumas crises de ansiedade, o que eu mais quero é a calmaria do mar, o brisa suave (não sou do mato kkkk só um fim de semana e tchau haha). A única coisa que me preocupa é conseguir reconhecer se isso é amadurecimento (algo saudável) ou esgotamento (algo nada saudável). Só Deus pra saber e, por Sua graça, revelar a nós algum dia.
Isso acontece mesmo de tempos em tempos a gente volta a origem. DEUS é maravilhoso e sempre nos mostra o melhor caminho a seguir com simplicidade amor e gratidão pelo que somos e temos....é o ciclo dos bons! ❤️❤️❤️❤️❤️