Agora é sábado à tarde e eu estou passando a virada de ano aqui na minha cidade junto com minha família.
Há alguns anos eu já não fazia isso. Eu sempre optava passar com os amigos viajando e eu não sei exatamente o porquê, mas muitas coisas mudaram e cada vez mais eu valorizo o tempo que passo com minha família.
Talvez pode ter sido a perda do meu avô no meio do ano ou pode ser só saudades mesmo, mas alguma coisa bateu no meu coração nesse final de ano.
E uma coisa engraçada é que eu normalmente escolho o tema da carta que eu vou escrever para vocês e me deixo mais livre no desenvolvimento. Vou escrevendo tudo que me vem a cabeça e depois lapidando o que deixo e conectando os pontos.
Hoje, por exemplo, eu queria escrever sobre o quão importante é aprendermos a ser nós mesmos. Mas alguma coisa, talvez minha mente, minhas ideias, ou até mesmo o Espírito Santo, me guiou para começar falando da virada de ano. Para que de alguma forma eu repensasse no motivo do porquê estou passando a virada aqui. Para que eu lembrasse da perda do meu avô e, no final, me fizesse criar um gancho perfeito para decorrer o assunto que eu quero falar com vocês. Vocês vão entender, mas deixa primeiro eu contextualizar… kkkkkk
Há alguns meses atrás eu perdi meu avô por um tombo que ele tomou. Estava vestindo a calça sozinho, e teimoso do jeito que era, não podia pedir ajuda pra ninguém. Ficou em um pé só, desequilibrou, caiu e bateu a cabeça.
Nada aconteceu na hora, mas alguns dias depois foi sentindo algumas dores e quando foi ao médico acabou descobrindo que a queda criou uma hemorragia que acabou sendo tarde demais para recuperar.
Voltei de São Paulo correndo quando soube disso, a situação estava grave. Foi o tempo de chegar no hospital, orar, chorar muito e me despedir.
E meu avô, para quem o conhecia, sabia o quanto ele era um ser único.
Não estava nem aí para o que pensavam dele. Gritava em local público e depois falava que as vezes precisávamos liberar o que estava guardado no coração. Foi cada susto que eu já tomei com isso kkkkkkkk
Ele falava sem medo algum. Expunha as opiniões dele. Era sincero (As vezes até demais). Para vocês terem ideia, até o velório dele já estava escrito, plastificado e foi entregue ao meu tio há aproximadamente 10 anos atrás para que ele tomasse conta de tudo quando chegasse o dia.
(Vou começar a conectar as histórias, presta atenção.)
Uma das exigências era que queria ser cremado e depois que jogassem as cinzas no mar. Mas a principal exigência era que o meu tio avô, cantasse a música preferida dele no velório. E essa parte me quebrou.
A música preferida dele era “My Way - Frank Sinatra”. Ele adorava escutar ela, mas como não sabia inglês nunca tinha entendido o significado.
Até que um dia, muitos anos depois de escuta-lá pela primeira vez, ele pediu para que meu tio traduzisse ela para ele. E quando viu o que significava…
Para começar pelo nome My Way, que traduzido fica Meu Jeito. A música retrata a vida em que ele vivia. Conta sobre dar passos maiores que a perna, mas que isso estava tudo bem. Relata sobre o quanto ele amou, riu e chorou. O quanto ele teve suas conquistas, mas suas porções de derrotas também. Mas principalmente, conta como, acima de tudo, ele viveu uma vida do seu jeito.
(Recomendo fortemente que você escute prestando atenção na letra! Quando terminar de ler, só clicar nesse link aqui.)
Essa música veio como um tiro no meu peito e me fez refletir de verdade sobre como eu estava vivendo a minha vida.
Uma simples frase, para ser mais exato 6 palavras “And I did it my way”, carregam uma mensagem poderosa que resumia como foi a vida do meu avô e como eu precisava começar a viver mais a minha.
Por todo os 78 anos que ele estava vivo conosco, ele foi nada além do que ele mesmo! Tão simples né? Talvez nem tanto. Pelo menos pra mim…
Por muitos e muitos anos da minha vida eu venho sendo moldado pelo o que as pessoas poderiam pensar de mim e eu não sei exatamente o por quê.
Talvez seja por não ter nenhuma pessoa na minha família que empreende, eu acabei me moldando e me inspirando em influenciadores e empreendedores da internet.
Por muitos anos da minha vida eu acompanhava os passos deles, via o que faziam e queria replicar na minha vida também. A forma que faziam conteúdo, a forma que se expressavam, tudo isso eu copiava e colava na minha vida.
Era aquele “copia mas não deixa igual”, sabe?
E isso foi me moldando, me moldando, me moldando… até que eu percebi que não sabia mais quem EU era.
Acabei me tornando um mix de personalidade de algumas pessoas diferentes e até hoje eu luto para retornar a minha essência. Não é tão fácil quanto parece.
Acho que no primeiro e-mail que escrevi para vocês eu citei isso, mas é muito forte e eu vou repetir.
Desde quando encontrei Jesus e busquei conhecer mais da escritura, uma das partes que mais me marcou fala que: Deus nos escolheu desde antes da fundação do mundo (Efésios 1:4-5).
Antes mesmo D’Ele dizer “Haja Luz”, Ele já nos conhecia e nos tinha criado por um motivo. Para um papel específico ou uma missão que só cabe a nós.
Quando eu li isso pela primeira vez, até o último fio de cabelo da minha cabeça arrepiou. É muito forte!!!
E o que isso tem a haver com tudo isso que eu escrevi até aqui…?
Se Deus nos escolheu e nos criou para um motivo e uma razão única. Porque é que nos estamos tentando viver a vida de outras pessoas ou comparando o sucesso dos outros com o nosso???
Não tem motivo algum! Nós fomos criados para sermos únicos. Nós fomos criados para um papel específico. Nós fomos criados para ser nós mesmos.
Quando sua mãe te retrucava dizendo: “Você não é todo mundo”, ela estava mais do que certa em cada palavra escolhida.
Você não é todo mundo. Você é único. Você é especial por um motivo.
Muitas vezes queremos pular etapa. Queremos pular de fase e viver aquele dia que tanto sonhamos pro nosso futuro sem vivermos o processo para chegar lá.
É cada vez mais cobrado isso pelas pessoas. Vemos jovens de 18 anos que já faturaram mais de 100 milhões. Pessoas que com 1 mês postando conteúdo batem seus 1M de seguidores. Etc etc etc.
Na época de redes sociais que vivemos isso está cada vez mais forte.
E pegamos a nossa vida (que não tem nada a ver com a deles) e queremos comparar. Comparamos os nossos bastidores e lutas com o palco que eles postam no Instagram.
Pegamos o que cada um é “bom” e comparamos com aquilo que “somos ruim”.
Mas como eu estava dizendo, nós precisamos fazer exatamente o inverso. Precisamos buscar NOS conhecermos cada vez mais. Parar de comparar o palco dos outros com os nossos bastidores e começar a nos comparar com a nossa versão de 1, 2, 3 anos atrás.
Entender o porquê estamos aqui e qual é a nossa missão na terra. O porquê Deus nos criou antes mesmo de criar tudo isso que estamos vivendo. Qual é nosso papel no mundo?
Você já parou pra refletir sobre isso?
Você é único. Você foi criado com características e habilidades únicas. Seja você mesmo!
Essa carta foi escrita de forma mais descontraída que o normal. Eu tô atrasado pra uma corrida de kart com minha família e não queria deixar de mandar a carta semanal que combinei com vocês.
Já estou finalizando por aqui. Mas antes, se você ainda não está escrito na minha newsletter, recomendo que clique no botão abaixo. Vai ser um prazer ter você construindo esse movimento comigo.
Nos vemos na próxima segunda às 5 a.m.
Abraços,
Túlio Herani.
Lindo texto e reflexão! Falo isso sempre para os meus filhos, “você não é todo mundo”!
A vida é uma eterna busca, e o autoconhecimento precisa ser constante. Precisamos saber “o porquê “ de tudo e muitas pessoas só buscam o “o que “ . Parabéns Tulio e que continue disseminando “ o valor da essência “para o mundo !
Você me fez chorar por lembrar quão único seu avô era e quão únicos todos somos. Mesmo que nem sempre a gente consiga essa autenticidade almejada. O sistema tenta nos cooptar o tempo todo. É preciso propósito, resiliência e fé para seguir sendo nós mesmos. Bela reflexão. Te amo!